domingo, fevereiro 17, 2008

Síndrome da adultescência (versão Samene Richard)


Há tempos que eu tento escrever alguma coisa bacana...simplesmente não consigo. Vivi dias que mesclaram frustração diurna com boas jogadas a la “bem com a vida” no fim de tarde. Olho o relógio de minuto em minuto pensando que alguma novidade vai discar o meu número pra me contar segredinhos da vida, ou então me oferecer alguma oportunidade irrecusável. Torço pra que as noites sejam longas e os dias mais curtos...o pior é que é sempre o contrario. A verdade é que as coisas andam meio embaralhadas; ou sou eu quem está sofrendo de miopia? O termômetro verifica 50° do meu corpo, e eu não estou com febre; será minha cabeça num lapso exageradamente quente?
E no meio de tantos neurônios tontos eu dou de cara com uma coisa que eu chamo de síndrome da adultescência. Nada que meus 21 anos recém completados não denunciem. Esse lance de provar pra vida que as coisas são pequenas diante da sua capacidade; de desacreditar em destino certinho, medíocre; de querer dar uma de maduro o suficiente pra fazer e acontecer; de trilhar caminhos diferentes dos de costume pra ter o orgulho de dizer que chegou ao destino esperado; de ter o prazer de olhar um adolescente qualquer e dizer a mesma babaquice: “é, eu já passei por isso.”; de ficar só e se sentir bem estando só; de morrer de rir na rodinha de amigos relembrando as idiotices remotas; enfim, de todas essas coisas que conotam independência e mostram o status no franzir da testa onde está escrito: “yes, eu mando em mim!” embora a consciência sinta um desespero quase que alérgico. É engraçado.
Essa parte da juventude tem um slogan de diversas responsabilidades fundamentais pra que a gente se torne um ser - humano “legal”. O processo é um tanto quanto esquisito, mas o “chegar lá” é sim, muito legal. Trata-se de encarar as coisas de um jeito bem simples, sem atropelar as etapas, sem inventar tropeços precoces, sem excessos, sem desânimos...sem essa cara de 60 anos estampada no kilos de preocupações desnecessárias. Ser um “adulto” não é lá um bicho de sete cabeças...mas um de dez! Só que a gente esconde umas duas cabeças com boas risadas e bons amigos, outras três com um bom romance pra contar daqui a algum tempo pros filhos; mais duas a gente elimina viajando pra qualquer lugar cujo destino esteja no rol de promoção em qualquer site de qualquer cia aérea, ônibus, ou jegue disponível; outras duas cabeças a gente corta fora do bicho quando a alma de criança aflora por algum motivo e brincamos de ser feliz na maior pose ingênua, gentil e excentricamente sincera...Ahhhh, e já que a gente precisa - estudar, pensar, contar, escrever, viajar, cantar, dançar, viver - pra tentar algum dia ser um alguém de “meia idade” satisfeito...deixaremos a ultima cabeça no lugar! Afinal, até lá teremos que merecer pelo menos um cartão de crédito sem o maldito limite da conta universitária e é claro, juízo na cabeça (que a gente acha já que tem).