quarta-feira, novembro 29, 2006

A carta


Acordei pensando em um milhão de coisas... e nessa explosão de pensamentos encontrei minhas inutilidades. Engraçado perceber que há coisas que você, definitivamente não faz bem...rs. Tomei aquele café da manhã nutritivo de banana com açaí, apelidado por minha mãe de "meleca" e fui dançar... dançar como se fosse a última vez que o faria. Escutei uma história triste mas comecei a rir no final...aquela risada que só quem me conhece sabe como é extravagante; passei vergonha por ter me expressado de tal forma mas entendi o que tinha de entender. [...] Eu tenho uma mania terrível de achar que os maiores problemas só acontecem comigo... então ri do meu egoísmo e pensei bastante se essas minhas inutilidades não significariam utilidades dalí pra frente.

Eis a história detalhada, poetizada e nomes fictícios:


Eram seis horas da manhã quando Clarice levantou da cama e pôs os pés sobre o tapete do quarto; notara o quarto vazio pela primeira vez em sete anos. Dirigiu-se ao quarto de seu filho, que já havia tomado o transporte para o colégio e preocupou-se com a ausência de seu marido. Percorreu o pequeno corredor que não parecia ter fim, e com inobservância trocou os pés, caiu perto da mesa do telefone e pôs-se a chorar. Chorava sem um motivo muito aparente, chorava acintosamente e com aquela dorzinha no peito que não sentia desde que perdeu um filho de seis meses na barriga. Foi até a cozinha e recordou os momentos mais sublimes em sua mente, ela e Rodrigo, fazendo as panquecas que ele tanto apreciava, quando trocavam beijos apaixonados pela casa e ficavam sempre à procura do olhar um do outro, para dizer que a vida era como um final de filme feliz. Foi então que Clarice chegou à geladeira e viu um bilhete pendurado num imã...alegrou-se por um instante, mas perdeu a fala numa breve brisa que passara na hora da desilusão. Ele a deixara, sozinha e com carta nas mãos. Rodrigo conseguiu empedernir o amor no seio de Clarice como uma facada na veia principal... ela não chorou, só soltou um suspiro de dor quando soube em linhas e letras inclinadas que ele a deixara por um outro amor. O final do filme parecia sombrio, sem cor, sem lágrimas, sem palavras e sem sentido... ela pegou o primeiro ônibus com direção a qualquer lugar, e sentada, folheou o álbum de fotografias. Cada imagem era uma lembrança, agora marcada pelo desespero e decepção; cada pontada no peito era sua mente avisando que sua felicidade terminara ali. Foi então que a jovem mulher, de olhos fechados, respirou bem fundo e lembrou-se da ultima frase da carta: “ Não chore, apenas me odeie por não ter a coragem de amá-la como você foi capaz de me amar...” . Enfim, uniu forças, desceu do ônibus e voltou andando para casa, contando cada passo como uma aposta de que a vida continuaria, e a esperança no amor, seria sempre bem vinda.


quarta-feira, novembro 22, 2006

Penso, logo, não sei se existo.




Eu costumo ficar pensando nas coisas...qualquer coisa, desde que eu pense.

E é exatamente esse o problema do homem de hoje: nunca tem tempo pra nada, nem para pensar.

Para o homem moderno, relaxar é viajar, deitar na areia da praia, respirar bem fundo e olhar para o céu.

Não se sabe mais o valor da vida... não se sabe mais namorar, casar...hoje tudo está globalizado, até o beijo, até o amor...

Hoje só se ri do que é realmente muito engraçado e com conotação sexual, hoje todo mundo que ri, sem muito motivo, é um verdadeiro mala.

A depressão deixou de ser uma doença, para ser um estado de espírito. A solidariedade virou ato de doação. Ter é mais vantajoso que ser.

O preço de uma escolha se resumiu em ir ao shopping e ficar indeciso com as compras.

O medo agora se associa ao poder aquisitivo: tem mais segurança quem tem mais dinheiro.

Malícia virou qualidade, carinho agora é dar presentes, ingenuidade virou alienação.

Faculdade é um caminho para o sucesso, e o sucesso agora é para quem tem capital.

A beleza física é essencial, a essência é banal. O cartão de visita é a aparência, que fique de fora a educação.

Hoje, excluir os outros é uma questão de personalidade. Desrespeito é uma auto afirmação. Ganhar é o mais importante. E viver, é gastar o que se ganha.

Vai entender o mundo de hoje! E ainda dizem que o homem evoluiu. Tenho medo de que ele prossiga com toda essa evolução.

Penso, logo, putz, nem sei.

Ética na viração da noite


Meia noite e trinta. Trinta minutos de um novo dia; meus olhos clamam para descansar, minhas mãos seguem a sugestão de minha mente... escrever. Escrever palavras confusas, tortas, interessadas em descobrir coisas novas, esperar o ano acabar para fazer propostas aos meus projetos mais interiores e achar nos ventos, uma novela de final feliz. Lembrei-me do livro o qual estou lendo, “o caçador de pipas”... que me mostrou “não ser verdade o que dizem sobre o passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque de um jeito ou de outro, ele consegue escapar.” É, como se olhássemos a vida por um orifício bem pequeno e se, nunca a vislumbramos fora dele temos convicção de conhecer o mundo. E é o futuro e não o passado que nos fecha dentro dessa cápsula detentora de orifício simples com falsa impressão tridimensional.

Foi então que comecei a pensar nesse tal futuro das pessoas, das que não possuem objetivos e nem esperança de uma vida próspera. E foi nessa hora, mais especificamente que eu pensei em prosperidade... seria ela habitante do plano econômico, apenas? Lembrei-me das instituições religiosas, que a cada dia viram grandes empresas privadas... da política por profissão, da amizade e amor por interesse e de muitas relações defasadas por falsidade. A grande e verdadeira prosperidade de vida não são alcançadas prioritariamente pelo acúmulo de capital, a qualidade de vida está sendo esquecida, enquanto deveria ser o x da questão.

Eu posso até ser “viajada” demais ao pensar em todas essas coisas nos meados do dia seguinte, mas não me conformo em saber que os pequenos orifícios dos muros da existência perpetuem a ingenuidade das pessoas. Enquanto há milhões de cabeças argumentando que todos têm direito à vida digna e esta se consegue pelo trabalho, eu fico lembrando dos trabalhadores semi-escravos que ganham salário de fomenos latifúndios do nosso país... Ironia ao quadrado. Que prosperidade é essa?

Todas as semanas, algumas organizações (famílias, igrejas, corporações, empresas e etc.) se reúnem pelo menos um dia para incentivar a prosperidade do outro e nunca observam a sanidade mental e psíquica de cada um. Os indivíduos se tornaram cheios de suas próprias suficiências e desligados do mundo sentimental; mais vale um homem bem sucedido com um carro zero na garagem da casa própria que o bem sucedido emocionalmente, com mente sã e coração disposto...vivemos a era da ordem no caos. Redundante? Não.

Começo poeticamente e termino poeticamente... porque só a poesia encontra beleza onde não há e coloca esperança onde ela se encerra por si. Há muito mais coisas para se pensar no findar de um dia e início de outro.... os amanheceres têm o poder de renovar as forças. Saudações pt.

quarta-feira, novembro 15, 2006

As flores


Caramba..., estou num momento de extrema mudança em minha mente, que me fez respirar por um instante e me sentir melhor...sabe aqueles dias em que se está cansado de mediocridades e perguntas sem prováveis respostas? Eu simplesmente olhei para qualquer infinito e observei as flores do jardim...olhava insistentemente para o exagero de suas cores, a presença do seu perfume e lembrei-me de outras coisas. Coisas insignificantes, ou marcantes em algumas situações, só dependia de mim, só dependia dos meus conceitos e minha vontade de viver. Descobri um despropósito em meus pensamentos que pensavam outros pensamentos e persistiam em me confundir, o que haveria de tão profundo entre o elo que une a vida ao amor? Aquela não vive sem esta, mas se distanciam como um casal apaixonado que tem que dizer adeus. Um adeus é a demissão da saudade; saudade é o anseio mais ardente de um ser e um convite ao martírio. Anseio é ter esperança no que tem de fato, algum valor. Esperança é saber alegrar-se com fé num depois incerto; fé é alimentar a alma de um desejo que parece perto de se realizar. Desejo é a escada para a felicidade...felicidade é estar seguro consigo e alegrar-se com as situações independente de seus rumos. Alegria é um carnaval no peito e não importa se é fevereiro, o tempo não explica. Já o tempo é uma invenção da ordem, um carimbo da velhice. Velhice é sabedoria, e não importam as cãs...sabedoria é um dom, um atalho para a integridade. Integridade é quando se pensa, fala e age do mesmo jeito. Pensar é refletir, é viajar de barco e sem pressa de chegar. Pressa é a mazela do homem, a imperfeição na perfeição. Perfeição é olhar e não enxergar os defeitos, é preservar a inocência. Defeito é um distúrbio alheio, mas distante em nosso próprio caráter. O caráter é a identidade de um ser e o que lhe faz sensato ou não. Já a sensatez, é um muro bem construído em bases éticas. Ética é aquilo que determina o limite do outro e a minha falta de educação. Limite é o fim de uma ação e o começo de um novo conceito. Começo é o que fiz a vinte e duas linhas acima, sem brincadeira! Bom, brincadeira é mais que coisa de criança, é ser coerente com a verdade: nunca é tarde. Verdade é aquilo que você pensa, projeta em conceitos e defende pela vida. Defesa é usar de um sorriso para retribuir o mal. Sorriso é a expressão sublime de um momento. Momento é um pedaço do filme que você assiste comendo pipoca e guaraná e guarda pro resto dos seus dias. Filme é o que você fez, faz e vai fazer por um bom tempo, eu espero! Esperar é sentar na praia da alma e assistir o pôr do sol sem hesitação. Hesitar é querer antecipar a vida. A vida é um espaço pequeno que possuímos para viver, logicamente. Viver é gostar de si mesmo e aproveitar cada instante...é um aniversário surpresa todo dia. Gostar é perpetuar um olhar... e fazer do olhar, um eterno beijo. Beijar é tentar achar a lucidez numa embriaguez de espírito, é pensar que ama por um instante. Amar é uma pergunta? Uma incerteza? Um desalento? Uma dor?

Uma missão? Uma confusão? Um terremoto? Um vento? Uma explosão? Um paradoxo? Um jogo? Só sei que as flores me trouxeram dúvidas. Sendo uma delas é que se pode saber como é... só amando pra se saber como é. O elo é a interrogação, a dicotomia entre sentir e não sentir, ou melhor, viver e não viver. Mas se amar é viver, e viver é amar, nada melhor que aprender com as flores, que exalam seu perfume, mostram suas cores e deixam escorrer a essência de dentro pra fora. É o que importa para o beija-flor, o que realmente existe dentro de cada uma.

As pêras do porvir


Hoje eu indaguei as mínimas coisas, coloquei minhas poucas palvaras no café da manhã..regado de pêras....hummmm, adoro pêras! Estive num conflito interior, compartilhado pela madrugada adentro mas já amanheci disposta a mudar o mundo das cabeças ao meu redor; disposta a dar um sentido maior às minhas alegrias em detrimento das minhas maiores tristezas. Então, escrevi...deixei meus duzentos quilos de medos e anseios de lado e parti para passear com o vento "vestida de quermesse" a priori em letras e atenções mentais, levemente adoçadas com reflexões de amor...espero que gostem...




As pêras do porvir




Há coisas debaixo do céu maiores do que se imagina. O vento trás notícias a todo instante de que a vida guarda surpresas aos seres e perpetua a ansiedade dos olhares. A maioria das pessoas vive preocupando-se com o futuro, perguntando aos seus atos e escolhas as conseqüências do amanhã; as pêras do porvir. As pêras são adocicadas e deixam uma “areia” nos lábios; são úmidas e refrescam a garganta. A vida proporciona momentos deliciosos e arenosos concomitantemente, inevitável é mudar, viável é contar as estrelas e seguir sonhando em passos curtos a fim de não tropeçar. As chuvas falam em seus sons repetidos e ventos impetuosos que as coisas sempre melhoram no fim de tudo.

E foi com isso e mais Eclesiates 4:4 que me disseram pra não parar no tempo...e eu sigo!