O segredo do sucesso é o mais procurado de todos os segredos. Ser um vencedor é o que todo mundo deseja. Os valores cultivados por uma sociedade abobalhada pelo prazer de ter, diz exatamente o que o ser humano é. E sim, precisamos entrar na Kombi amarela. Quem já assistiu a comédia-drama “Little miss sunshine” sabe do que eu estou falando. Ah! E outra coisa também que deveriam saber é o que eu sinto cada vez que olho a vida “passando”... eu vejo os vitrais das janelas deformando as pessoas; vejo-as pensando uma coisa e fazendo outra, vejo que muitos valores se perderam e cederam, portanto, seu espaço para os mal falados preconceitos. Assisto os acontecimentos como quem vê um quadro de Salvador Dali e seus super olhos surreais...já que a racionalidade deveria ter levado o homem a seguir outros passos. Suponhamos que, como no filme, estaríamos em busca da vitória num concurso de beleza; todos queremos ser “miss sunshine”, todos desejamos coisas que “na real” são menores que nós...são meras e vãs futilidades sobressaltadas por psicologismos de auto-ajuda, mas mesmo assim, ansiamos demasiadamente por elas. É claro! Se é isso que nos é ensinado a vida inteira... buscar “alamode” (o que está em alta, ou na moda) torna-se muito difícil mudar... até porque mudar Dói..(parodiando Nietszche). É então que, em busca de sonhos inocentes, nos aventuramos a aprender com nossos próprios erros e pagar o preço que for pra ver a estrada da vida diante de nossos olhos pueris. Pegamos tudo que temos e quem amamos e/ou achamos importante (já que não podemos viver só) e jogamos dentro de uma Kombi amarela; ela é nossa única ponta de esperança, nossas pernas pra chegar lá, nosso instrumento...nossa possibilidade de visão. O engraçado é que cada vez que tentamos realizar sonhos incitados pelo inteligentíssimo sistema que nos rege, passamos por transformações profundas durante o processo de conquista... no caminho; a grande luz-oráculo “Kombi amarela” mostra através de suas janelinhas que a estrada é longa, difícil e cheia de renúncias. O legal é que, ao viajar na Kombi amarela enxergamos o que somos e que devemos fazer...: primeiro; somos humanos e segundo... necessitamos voltar à ingenuidade.. precisamos entender que, por mais que as perdas se acumulem, somos vencedores por tentar e, sobretudo, por não anular nossa personalidade. Entrar na kombi amarela mesmo sabendo que ela é velha, “brega” e que precisa ser empurrada pra sair do lugar é entrar na vida consciente dos obstáculos, dos valores e desiludido das futilidades, do que não importa...do que faz o ter sobrepor-se ao ser. A viagem pelo excêntrico veículo de cor amarela nos faz sair de um ponto inconformado da nossa existência, chegar à plena conclusão de orgulho do que somos (sem camuflagens) e voltar ao ponto de onde saímos, como pessoas melhores que outrora éramos. Olive é a grande protagonista do longa, uma garotinha que desejava ser miss sunshine... entrou com toda a sua família ironicamente “anormal” numa velha Kombi amarela em busca de um sonho (ganhar o concurso de miss mirim)...e seus familiares, em busca de auto-afirmação. Ela voltou como a “perdedora” mais vencedora de todas... descobriu quem realmente era... e não quem idealizava ser.
Se cada ser-humano fosse sinceramente ridículo... seria de grande dignidade dizer que vive em vez de dizer que atua na vida.