domingo, agosto 19, 2007

Entremos na Kombi amarela.


O segredo do sucesso é o mais procurado de todos os segredos. Ser um vencedor é o que todo mundo deseja. Os valores cultivados por uma sociedade abobalhada pelo prazer de ter, diz exatamente o que o ser humano é. E sim, precisamos entrar na Kombi amarela. Quem já assistiu a comédia-drama “Little miss sunshine” sabe do que eu estou falando. Ah! E outra coisa também que deveriam saber é o que eu sinto cada vez que olho a vida “passando”... eu vejo os vitrais das janelas deformando as pessoas; vejo-as pensando uma coisa e fazendo outra, vejo que muitos valores se perderam e cederam, portanto, seu espaço para os mal falados preconceitos. Assisto os acontecimentos como quem vê um quadro de Salvador Dali e seus super olhos surreais...já que a racionalidade deveria ter levado o homem a seguir outros passos. Suponhamos que, como no filme, estaríamos em busca da vitória num concurso de beleza; todos queremos ser “miss sunshine”, todos desejamos coisas que “na real” são menores que nós...são meras e vãs futilidades sobressaltadas por psicologismos de auto-ajuda, mas mesmo assim, ansiamos demasiadamente por elas. É claro! Se é isso que nos é ensinado a vida inteira... buscar “alamode” (o que está em alta, ou na moda) torna-se muito difícil mudar... até porque mudar Dói..(parodiando Nietszche). É então que, em busca de sonhos inocentes, nos aventuramos a aprender com nossos próprios erros e pagar o preço que for pra ver a estrada da vida diante de nossos olhos pueris. Pegamos tudo que temos e quem amamos e/ou achamos importante (já que não podemos viver só) e jogamos dentro de uma Kombi amarela; ela é nossa única ponta de esperança, nossas pernas pra chegar lá, nosso instrumento...nossa possibilidade de visão. O engraçado é que cada vez que tentamos realizar sonhos incitados pelo inteligentíssimo sistema que nos rege, passamos por transformações profundas durante o processo de conquista... no caminho; a grande luz-oráculo “Kombi amarela” mostra através de suas janelinhas que a estrada é longa, difícil e cheia de renúncias. O legal é que, ao viajar na Kombi amarela enxergamos o que somos e que devemos fazer...: primeiro; somos humanos e segundo... necessitamos voltar à ingenuidade.. precisamos entender que, por mais que as perdas se acumulem, somos vencedores por tentar e, sobretudo, por não anular nossa personalidade. Entrar na kombi amarela mesmo sabendo que ela é velha, “brega” e que precisa ser empurrada pra sair do lugar é entrar na vida consciente dos obstáculos, dos valores e desiludido das futilidades, do que não importa...do que faz o ter sobrepor-se ao ser. A viagem pelo excêntrico veículo de cor amarela nos faz sair de um ponto inconformado da nossa existência, chegar à plena conclusão de orgulho do que somos (sem camuflagens) e voltar ao ponto de onde saímos, como pessoas melhores que outrora éramos. Olive é a grande protagonista do longa, uma garotinha que desejava ser miss sunshine... entrou com toda a sua família ironicamente “anormal” numa velha Kombi amarela em busca de um sonho (ganhar o concurso de miss mirim)...e seus familiares, em busca de auto-afirmação. Ela voltou como a “perdedora” mais vencedora de todas... descobriu quem realmente era... e não quem idealizava ser.

Se cada ser-humano fosse sinceramente ridículo... seria de grande dignidade dizer que vive em vez de dizer que atua na vida.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Negação

Nossa!...nem me lembrava mais como postar aqui. rs. As agitações da vida, as viagens, os pensamentos voando por outros ares, as idéias um tanto quanto melancólicas e inacabadas. Sim, mas não morri, e enquanto eu viver escreverei amadorismos sinceros! haha. Se vão gostar de minhas negações? Não faço a menor idéia...., mas esse texto pequeno foi tudo o que eu queria dizer às justiças da vida. Sim, justiças e não injustiças. Justiças ao meu ego despedaçado, saudoso e cheio de um porvir sonhado em todas as noites....

Nunca mais escrevi poemas de amor porque não os achei em mim. Nunca mais quis assistir os filmes de amor porque a fantasia já paira continuamente em minha mente; as coisas poderiam piorar. Há tempos que não ouço canções de amor... há de ser por causa da voz dele, que parece estar em todas as musicas que tocam ao vento. Lembrei-me hoje, que eu costumava dançar pensando numa platéia composta por uma só pessoa: ele. Se parei de dançar? Não, nunca; entretanto minha platéia ficou vazia. Quantos pensamentos líricos de antes...! Agora meus sonhos são menos alados e minhas esperanças, com certeza, mais intensas. Na verdade não sei ao certo se são esperanças fortes ou desesperanças camufladas. Sei e não sei ao mesmo tempo...fecho os olhos e não consigo ver mais nada, ouvir mais nada, sentir mais nada. Ahh...e também aprendi a mentir...aprendi a empedernir a alma numa tentativa de lassitude emocional. Mentiras são estas... menti ao dizer que todas essas coisas foram esquecidas, ou que tiradas do meu cotidiano. A verdade é que sempre digo mentiras para a saudade. A verdade é que os poemas não me abandonam, as canções estão sempre passando e a dança nunca esteve tão sincera. Dane-se esse amor que faz sofrer! Mas pobre de mim se ele não existisse; se ele não fizesse dessa vida medíocre, um poço de sentidos, de existência...de motivos. A razão manda calar-se o momento em que eu olhei nos olhos dele devorando sua essência pela primeira vez....a explosão da alma ordena ao coração que viva a mais sublime e redundante razão natural de amar. Mandaria todos esses milhões de adornos, de flores, de lua, de estrelas e de mel irem procurar seus devidos e coerentes lugares. Triste e feliz, calado em sobressaltos, firme e derretido é o vigor que o perfume dele traz, que o sorriso dele tem e que a certeza de uma vida inteira é vista em seus olhos. Queria não ligar pra essas coisas do amor, queria viver à sombra do gozo sublime, queria a frieza perpetuada em meus dias. Na verdade, estaria pois, a querer a morte...mas sei que no amor, há mais beleza e vida que a própria dor.

Dedico esse texto aos eternos amantes que acreditam no amor sem tantas "flores", mas q sabem porque vivem, e vivem por quem amam...