M. um dia deferiu o pedido de R. Respirou fundo numa noite estranha em que a lua era crescente e o vento de primavera. Engraçado é que seu coração sorria estupefado enquanto as mãos suavam; o ventre se contorcia num “quente-frio” estonteante no mesmo instante em que seus olhos brilhavam. Os tempos se resumiram em incertezas, frenesi, depois certezas, detalhes, crise, festa, depois lágrimas, incertezas ressurgentes, saudade, sempre saudade, certezas absolutas...e por ai foi. O certo de todo ato, por mais duvidoso que fosse é que havia amor. Amor daqueles para arquivar, documentar, fotografar, contar aos outros, musicar, dançar, pintar, rir e chorar. M era moça que não fazia esforço pra encantar, e ela sabia disso... atrás da fragilidade e indecisão existia uma personalidade notável. R sabia que podia e tinha o poder de fazê-la feliz... atraente, inteligente e tão diferente dos outros seres humanos mortais que M assim o identificou na primeira vez que se olharam nos olhos. Havia um “Q” a mais nos dois, eu vi que havia.
Intrigante como existia trilha sonora para os fatos narrados e vivenciados por M e R. Espetacular ver o compasso dessa dança...a musica no silêncio, o sorriso desses olhos, o tremular desses lábios, a luz desses entremeios escuros, as flores e frutos dessa terra seca... Onde nada havia, suas mãos construíam, suas vidas se encontravam e suas almas decoravam o tempo e o espaço de cativantes enfeites. Uma vez até peguei uma nuvem seguindo-os para protegê-los do sol; e um dia que a chuva os pegou para tornar o momento especial!? Outra vez foi Felicidade me contando segredos até do futuro deles... desceram-me lágrimas e com elas, aquele riso que ofega a respiração.
Já peguei M chorando algumas noites de saudade, de amor, de preocupação... o consolo era que pela manha a primeira coisa que ela fazia era pedir ao vento que deixasse o recado na porta de R de que ela o amava. R sempre desejava a felicidade, o sorriso e a paz de M... fiquei inepta quando presenciei o cuidado que ele dedicava a ela. A verdade é que sempre foi metafísico e assim seria sempre. E ainda há aqueles que não acreditam no amor... bastaria estar um dia nos pensamentos de M ou R para crer.
Flagra: M escrevendo crônicas e uma insistente onda de insatisfação rondando seus sentimentos...ela sabia que era preciso mudar o rumo das coisas, que era preciso estar por perto dele. R resguarda bem suas sensações...mas vi em M que ele precisava ser acolhido pelas promessas da vida. Qual o próximo capitulo? Certamente algum que terá como desfecho o grande mistério e o real paradoxo da vida: a dor que cura, o barulho que silencia e o vento que paralisa... amor em todas as suas formas e conjugações.