Acordei pensando em um milhão de coisas... e nessa explosão de pensamentos encontrei minhas inutilidades. Engraçado perceber que há coisas que você, definitivamente não faz bem...rs. Tomei aquele café da manhã nutritivo de banana com açaí, apelidado por minha mãe de "meleca" e fui dançar... dançar como se fosse a última vez que o faria. Escutei uma história triste mas comecei a rir no final...aquela risada que só quem me conhece sabe como é extravagante; passei vergonha por ter me expressado de tal forma mas entendi o que tinha de entender. [...] Eu tenho uma mania terrível de achar que os maiores problemas só acontecem comigo... então ri do meu egoísmo e pensei bastante se essas minhas inutilidades não significariam utilidades dalí pra frente.
Eis a história detalhada, poetizada e nomes fictícios:
Eram seis horas da manhã quando Clarice levantou da cama e pôs os pés sobre o tapete do quarto; notara o quarto vazio pela primeira vez em sete anos. Dirigiu-se ao quarto de seu filho, que já havia tomado o transporte para o colégio e preocupou-se com a ausência de seu marido. Percorreu o pequeno corredor que não parecia ter fim, e com inobservância trocou os pés, caiu perto da mesa do telefone e pôs-se a chorar. Chorava sem um motivo muito aparente, chorava acintosamente e com aquela dorzinha no peito que não sentia desde que perdeu um filho de seis meses na barriga. Foi até a cozinha e recordou os momentos mais sublimes em sua mente, ela e Rodrigo, fazendo as panquecas que ele tanto apreciava, quando trocavam beijos apaixonados pela casa e ficavam sempre à procura do olhar um do outro, para dizer que a vida era como um final de filme feliz. Foi então que Clarice chegou à geladeira e viu um bilhete pendurado num imã...alegrou-se por um instante, mas perdeu a fala numa breve brisa que passara na hora da desilusão. Ele a deixara, sozinha e com carta nas mãos. Rodrigo conseguiu empedernir o amor no seio de Clarice como uma facada na veia principal... ela não chorou, só soltou um suspiro de dor quando soube em linhas e letras inclinadas que ele a deixara por um outro amor. O final do filme parecia sombrio, sem cor, sem lágrimas, sem palavras e sem sentido... ela pegou o primeiro ônibus com direção a qualquer lugar, e sentada, folheou o álbum de fotografias. Cada imagem era uma lembrança, agora marcada pelo desespero e decepção; cada pontada no peito era sua mente avisando que sua felicidade terminara ali. Foi então que a jovem mulher, de olhos fechados, respirou bem fundo e lembrou-se da ultima frase da carta: “ Não chore, apenas me odeie por não ter a coragem de amá-la como você foi capaz de me amar...” . Enfim, uniu forças, desceu do ônibus e voltou andando para casa, contando cada passo como uma aposta de que a vida continuaria, e a esperança no amor, seria sempre bem vinda.