quarta-feira, agosto 12, 2009

O casual motivo de amar a arte.


Eu perderia qualquer desejo de viver se meu ser fosse condenado a morrer sem a luz dos palcos, sem o suor lívido na feição caricata e sem o lampejo dos mil desenhos no espaço formados pelas mãos em movimento. Não há lógica, fôlego, frenesi e nem luar para um ser mortal e vil que não saiba amar apaixonada e irrefutavelmente a arte.

A arte toca meus lábios gélidos com a ponta dos dedos como quem hipnotiza graciosamente esperando um sorriso de canto, desgrenhado e verdadeiro. E nesse emaranhado de sensações vejo-me perdida no brocardo de que a felicidade é para poucos. E os poucos são aqueles que vivem! E os que vivem, aqueles que fazem o que gostam, o que amam...e isso, definitivamente, não é laborioso trabalho. É sim, o brilho emitido pelos olhos pasmos, etéreos, cativos e relutantes. É o vigor que sobressai de uma quermesse sob o sol de um Sábado, é o solfejo das mais lindas juras de amor, é o sonho que sussurra as salvas de uma multidão posta de pé como humilde recompensa a corações latejantes, dóceis, honrados. É esquecer-se da mediocridade e dirigir-se cegamente ao revés do incomum, da falta de dinheiro; entretanto, da ausência de paz.

Calei-me pífia diante da desilusão ao perceber a paixão pela arte agonizando às benesses do descaso alheio, incompreensível. Debrucei-me sobre o medo quando vi o retrato real dos famigerados culturais e seus farsescos risos justificados pela falta de conteúdo, enquanto a sede pelo conhecimento ruge rigorosamente sobre os dias escassos. Minhas lágrimas, sobremaneira, têm a esperança intuitiva de encontrar o que procuro.

Podem roubar-me as forças, os bens...a juventude; mas nunca subtrair o fogo e a pólvora, cintilantes num triunfo de amar, incondicionalmente, a arte. Podem até condenar o que vivo como surreal, impróprio. Mas é encantador, inebriante e eficaz em convidar a felicidade para lapidar os dias comumente vazios e sem cor. A arte liberta o conhecimento abstrato e racional, claro e sombrio, lúcido e insano, altivo e melancólico, estonteante e arriscado...inteiramente voltado à graça que é viver.

9 comentários:

Dudu disse...

Eu quase sempre chego aqui primeiro. Tu castiga demorando pra postar nesse negoço Sá. E caralho..vc sempre arrasa. Larga tudo e vais se afogar em arte, ta no seu sangue.

eu te amo dona Samenezinha.
seu amigo desorkutado desbirocado e gnt boa. Duduzão.

Schirley disse...

PQP! me dá um autografo Mene?

Fernando Antônio disse...

Ah! O que dizer? Putz, você conseguiu me deixar sem palavras... alias você tem esse dom né? Simplismente emocionante!

Me faça um favor? Nunca pare de escrever.

Bjos Mene!

G a e l disse...

Caramba...

Eu eu que pensava que era só um rostinho bonito! rs

Mas realmente, por mais que existam palavras difíceis e bonitas não há como expressar nitidamente a sensação que é estar envolto de um fecho de luz no palco.

A energia que está em volta, a sensação de segurança e insegurança ao mesmo tempo dando o prazer de viver.

Demais.

Tu disse...

Que me chamem de insano... não vai adiantar, pois sem essa embriose da arte não da mesmo pra viver.

Incrivel e estonteante o post Me.

super bjo Artista Completa!! ;)

Unknown disse...

Mene.lindo texto.
fiquei emocionada.
Vc é a artista.e dapra ver nos seus olhos sua paixao pela arte.isso e lindo! Parabens!
Amo!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ivan Cordeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ivan Cordeiro disse...

"Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente." (Mário Quintana)