Eu perderia qualquer desejo de viver se meu ser fosse condenado a morrer sem a luz dos palcos, sem o suor lívido na feição caricata e sem o lampejo dos mil desenhos no espaço formados pelas mãos em movimento. Não há lógica, fôlego, frenesi e nem luar para um ser mortal e vil que não saiba amar apaixonada e irrefutavelmente a arte.
A arte toca meus lábios gélidos com a ponta dos dedos como quem hipnotiza graciosamente esperando um sorriso de canto, desgrenhado e verdadeiro. E nesse emaranhado de sensações vejo-me perdida no brocardo de que a felicidade é para poucos. E os poucos são aqueles que vivem! E os que vivem, aqueles que fazem o que gostam, o que amam...e isso, definitivamente, não é laborioso trabalho. É sim, o brilho emitido pelos olhos pasmos, etéreos, cativos e relutantes. É o vigor que sobressai de uma quermesse sob o sol de um Sábado, é o solfejo das mais lindas juras de amor, é o sonho que sussurra as salvas de uma multidão posta de pé como humilde recompensa a corações latejantes, dóceis, honrados. É esquecer-se da mediocridade e dirigir-se cegamente ao revés do incomum, da falta de dinheiro; entretanto, da ausência de paz.
Calei-me pífia diante da desilusão ao perceber a paixão pela arte agonizando às benesses do descaso alheio, incompreensível. Debrucei-me sobre o medo quando vi o retrato real dos famigerados culturais e seus farsescos risos justificados pela falta de conteúdo, enquanto a sede pelo conhecimento ruge rigorosamente sobre os dias escassos. Minhas lágrimas, sobremaneira, têm a esperança intuitiva de encontrar o que procuro.
Podem roubar-me as forças, os bens...a juventude; mas nunca subtrair o fogo e a pólvora, cintilantes num triunfo de amar, incondicionalmente, a arte. Podem até condenar o que vivo como surreal, impróprio. Mas é encantador, inebriante e eficaz em convidar a felicidade para lapidar os dias comumente vazios e sem cor. A arte liberta o conhecimento abstrato e racional, claro e sombrio, lúcido e insano, altivo e melancólico, estonteante e arriscado...inteiramente voltado à graça que é viver.
9 comentários:
Eu quase sempre chego aqui primeiro. Tu castiga demorando pra postar nesse negoço Sá. E caralho..vc sempre arrasa. Larga tudo e vais se afogar em arte, ta no seu sangue.
eu te amo dona Samenezinha.
seu amigo desorkutado desbirocado e gnt boa. Duduzão.
PQP! me dá um autografo Mene?
Ah! O que dizer? Putz, você conseguiu me deixar sem palavras... alias você tem esse dom né? Simplismente emocionante!
Me faça um favor? Nunca pare de escrever.
Bjos Mene!
Caramba...
Eu eu que pensava que era só um rostinho bonito! rs
Mas realmente, por mais que existam palavras difíceis e bonitas não há como expressar nitidamente a sensação que é estar envolto de um fecho de luz no palco.
A energia que está em volta, a sensação de segurança e insegurança ao mesmo tempo dando o prazer de viver.
Demais.
Que me chamem de insano... não vai adiantar, pois sem essa embriose da arte não da mesmo pra viver.
Incrivel e estonteante o post Me.
super bjo Artista Completa!! ;)
Mene.lindo texto.
fiquei emocionada.
Vc é a artista.e dapra ver nos seus olhos sua paixao pela arte.isso e lindo! Parabens!
Amo!
"Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente." (Mário Quintana)
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